"Todo mundo percebeu", ressoa Oleg, um pensionista de 62 anos: os preços dos combustíveis nos postos de gasolina continuam a subir. Segundo dados do Rosstat, em 1º de setembro, o preço do combustível a varejo era 6,7% mais alto do que no final de 2024.
No início de setembro, o preço da tonelada de A-95, um dos combustíveis sem chumbo mais populares na Rússia, disparou para mais de 82.000 rublos (cerca de 826 euros), atingindo níveis recordes, conforme dados da Bolsa de Valores de São Petersburgo.
Desde o começo do verão, as redes sociais estão repletas de vídeos mostrando filas em postos de gasolina no Extremo Oriente da Rússia, na Crimeia — região que a Rússia anexou de Kiev em 2014 — e em algumas regiões do sul adjacentes à Ucrânia, devido à escassez de combustível.
Na quarta-feira, o jornal "Izvestia" relatou sobre "interrupções no suministro" em "mais de dez regiões" da Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Refinarias Atingidas
Em Moscou, a vitrine da Rússia, não há escassez, mas devido ao aumento de preços, o litro de gasolina A-95 sem chumbo custa mais de 66 rublos (0,67 euros). Este preço, que ainda é significativamente inferior ao de muitos países europeus, surpreende os consumidores russos, acostumados a gasolina barata e com renda média baixa.
Artyom, um moscovita que preferiu não revelar seu sobrenome, nota esse aumento "desde o início do ano". "Para as pessoas comuns, o aumento de 300 a 400 rublos por tanque (3 a 4 euros, nota do redator) começa a ser significativo", afirma ele.
O analista do Fundo Nacional de Segurança Energética, Igor Yushkov, observou no site "Gazeta.ru" que o imposto sobre o consumo (imposto indireto) aumentou "cerca de 16%" a partir de 1º de janeiro e que as subsídios às empresas petrolíferas foram reduzidas.
Porque, como explicou à AFP o especialista em energia Sergey Teryoshkin, "quanto menores as subsídios, menor a rentabilidade", o que leva as empresas de petróleo a "transferir" essas perdas para os preços de varejo.
A demanda aumentou devido às férias e à atividade da agricultura.
Antes de tudo, há os ataques às refinarias e bases petrolíferas, que a Ucrânia intensificou para atingir o bolso de Moscou e dificultar o financiamento de sua ofensiva.
"Foram realizados ataques a grandes refinarias no oeste da Rússia", especificamente nas regiões de Samara, Ryazan, Volgogrado e Rostov, informou no Telegram o jornalista russo especializado em assuntos militares Alexander Kots.
"Nada!"
De acordo com o Estado Maior da Ucrânia, um desses ataques em meados de agosto atingiu a refinaria de Syzran na região de Samara. O complexo está localizado a mais de 800 km da fronteira com a Ucrânia. Kiev posiciona-o como "essencial para o sistema da Rosneft" — gigante do hidrocarboneto russo.
Moscou não avaliou a magnitude das consequências desses ataques, no entanto, o analista Maxim Dyachenko, no jornal "Kommersant", menciona uma queda de produção "de quase 10%" desde o início do ano.
"Isso é nada!" — afirma o empresário moscovita Alexander, enquanto abastece o tanque de seu sedã alemão. "Um gole, dois goles, três goles — isso não significa nada nem para o mercado como um todo, nem para os preços".
"O país precisa de dinheiro. O aumento dos preços da gasolina é uma maneira de aumentar a receita do governo", diz Vladimir, um moscovita de 50 anos.
Tentando estabilizar a situação, Moscou prorrogou a proibição da "exportação de gasolina automotiva" até o final de outubro.
A Rússia também continua sendo um grande exportador de petróleo bruto, cujo envio o Ocidente pretende restringir para secar uma das principais fontes de financiamento da ofensiva russa na Ucrânia — um país que considera a União Europeia seu principal aliado.
Fonte: France24